quarta-feira, 30 de junho de 2010

Leão alfineta a CBF e diz que Dunga é um produto do meio


Técnico chama Ricardo Teixeira de "dono da CBF" e lembra que Dunga está aprendendo a ser treinador

Poucos profissionais conhecem tanto de Copa do Mundo como Emerson Leão. O técnico do Goiás tem no currículo nada menos do que quatro participações e um título (1970) na maior competição do futebol. Além disso, também foi treinador da Seleção Brasileira (2000/2001).

Em entrevista exclusiva ao L!NET, Leão fala que, até as oitavas de final, esta Copa poderia ser esquecida; diz que o técnico Dunga, para ele, é um produto do meio; e sobre os recentes problemas do técnico da Seleção com a imprensa. E, claro, alfineta a CBF. Confira:

O que você está achando dessa Copa?

A primeira fase foi muito fraca. Quando um treinador profissional assiste a uma Copa, é lógico que ele quer ver coisas diferentes, detalhes e não consegui ver nada de especial até agora. A partir das oitavas, a qualidade dos jogos melhorou.

Como você analisa a participação sul-americana?

As cinco seleções se classificaram mais pela fragilidade dos adversários e pela raça característica do sul-americano do que por qualquer outra coisa. À exceção de Brasil e Argentina, não vejo os outros chegando muito longe.

Julio Cesar é o melhor goleiro da atualidade?

Não posso falar que ele é o maior goleiro da atualidade porque a gente não convive nem com ele nem com os outros. Porém, inegavelmente, nos últimos cinco anos, ele cresceu, se valorizou, se definiu como atleta. Isso o ajudou muito. Ele está entre os dez melhores goleiros do mundo. Mas a Copa ainda não exigiu a capacidade máxima dele.

A Jabulani é a culpada por tantos erros nesta Copa?

Ninguém vê o Messi apanhar da bola (*ouviu Felipe Melo?). A técnica supera as dificuldades. Agora, para quem não tem técnica e pega uma bola diferente pela frente, acaba apanhando. Mas você pode apanhar da bola durante uma semana. Esses jogadores estão há um mês treinando com a Jabulani. Não era para estar dessa forma.

O que explica a constante irritação do Dunga?

O Dunga vem aprendendo a ser treinador na Seleção na qual a cobrança é muito maior. Ele é um produto do meio. Dunga não foi técnico de futebol, ele está um técnico de futebol. Seu temperamento, personalidade e a maneira de trabalhar vão mudar com o tempo. Ele vive uma fase de muito desgaste e a Copa precisa terminar rapidamente. Ele precisa voltar para casa, descansar, repensar o que quer. Dunga vai aprender com as consequência negativas e positivas.

Como você viu aquele problema entre o Dunga e o repórter da Rede Globo (Alex Escobar)?

Vi com decepção. O destaque da semana passada foi a discussão do treinador da Seleção com o repórter da Globo. São dois poderosos, tanto a Globo quanto a Seleção. E isso não caiu bem para ninguém. O duro é que disso tudo ficam sequelas e elas não são boas (*a algum tempo atrás o Leão chamou o "comentarista" Neto da Band pra porrada em cadeia nacional).

Quais sequelas seriam essas?

Não sei. Elas não existem ainda. Mas quando alguém é ofendido no seu caráter profissional ou particular há reações, o que já é uma sequela. Mesmo com desculpas, de apenas uma parte, ou de ninguém, não é a mesma coisa.

Quais são as diferenças entre ser técnico e jogador da Seleção?

Como jogador eu sempre fui feliz na Seleção, pois o meu civismo era uma coisa muito grande. Jogávamos com amor pelo país. Quando fui treinador é para se esquecer, pois passei pela Seleção. Eu não era a preferência do dono da Seleção. E eu já disse que está na hora de trocar o dono.

É mais fácil ser técnico ou jogador da Seleção?

É quinhentas vezes mais fácil ser jogador do que ser técnico. É muito melhor ser atleta do que ser comandante de qualquer equipe, não apenas da Seleção. Treinador tem muito mais responsabilidade e trabalho.

*Comentários meus

Escritor inglês: 'Dunga é o antibrasileiro'


Para Jonh Carlin, autor do livro que deu origem a 'Invictus', futebol brasileiro está muito mecânico

Indicado a dois Oscars neste ano, “Invictus” nada ganhou, mas é o filme mais lembrado nesta Copa do Mundo – tem Nelson Mandela, então presidente da África do Sul, como personagem principal e trata da questão racial, tendo como pano de fundo o Mundial de rúgbi de 1995.

Autor do livro que inspirou o roteiro, o jornalista inglês John Carlin, de 54 anos, está em Johannesburgo para acompanhar esta outra conquista esportiva sul-africana - já que é correspondente do jornal espanhol ‘El País’. Fanático por futebol, ele falou sobre a competição e explicou por que está torcendo para a Espanha.

- O Brasil é muito mecânico. Dunga é o antibrasileiro!

John Carlin torce e defende a Espanha porque, segundo ele, joga o futebol mais romântico da Copa

Será que só o inglês está vendo isso? A Era Dunga sinônimo de futebol feio.